quarta-feira, 28 de março de 2012

Joe Cocker


Porto Alegre vem se superando a cada dia em termos de espetáculos. Ontem, o lendário Joe Cocker retornou ao Brasil, depois de 20 anos. O show marcado para acontecer no Pepsi On Stage pareceu não ter muita divulgação, ou talvez, só tenha sido ofuscado pela enorme atenção ocupada por Roger Waters, que se apresentaria dois dias antes. Enfim, ao chegar às 20h da terça-feira, o show, sucedido do espetáculo de um gigante do rock (domingo), parecia fracassar em número de público.

A banda de abertura não animou muito a plateia, que estava cansada, após um longo dia de trabalho. O pouco público não conseguia nem aquecer o enorme pavilhão, onde as jaquetas e mantas ainda eram mantidas. No entanto, seguindo uma pontualidade britânica, às 21h a grande estrela da noite, junto de sua banda subiu ao palco do Pepsi On Stage. O público diverso, mesclado de pais, filhos, avós, famílias inteiras até, era lindo de se ver. A energia da banda contagiou a platéia, e a voz de Joe Cocker fez todos esquecerem o cansaço e balançar o esqueleto.

A lenda viva do rock agitou a noite com suas regravações dos Beatles, “Come Together” e “With A Little Help From My Friends”, e fez o público se emocionar com as clássicas como “You Are So Beautiful”, “Unchain My Heart” e “Up Where We Belong”. A cada música Joe Cocker mostrava uma energia e uma alegria contagiante através de seus clássicos pulinhos e gestos imitando estar tocando algum instrumento. Ele trocou poucas palavras com o público, mas alguém com a sua voz e com músicas tão marcantes não precisa dizer muito. Cada clássico falou por si e a troca entre banda e público era evidente a cada refrão cantado em conjunto.

A banda levou carisma e perfeição para um show tão esperado. A riqueza de instrumentos e a força das backing vocals foi algo que eu nunca havia presenciado em tantos shows já vistos, aqui em Porto Alegre. A iluminação simples não esmaeceu a banda, uma vez que sua luz própria completou o espetáculo e fez com que a voz inconfundível de Joe Cocker iluminasse a plateia formada de famílias inteiras. Pais, filhos e avós, cada um pode se emocionar com uma trilha.

Ao final da noite, após dois Bis, a banda agradece, as luzes acendem, e os olhares, alguns com lágrimas, outros alegres se despedem da fantástica noite proporcionada pelo vovô de cabelos brancos e voz forte. Ao final da noite, Joe Cocker acompanhado de sua enorme banda de 7 componentes, mostrou que também ainda é um gigante do Rock, do Pop, do Soul, do Blues, da música.




Set-list

Hitchcock Railway
Feelin’ Alright
The Letter
When the night comes
Unforgiven
Summer in the city
Up where we belong
You are so beautiful
Hard Knocks
Come together
You can leave your hat on
Unchain my heart
With a little help from my friends

Bis:
Shelter me
She came in through the bathroom window
Cry me a river

Bis 2:
High time we went
Long as I can see the light

terça-feira, 20 de março de 2012

O outono

"A melhor época do ano é o Outono. Porque não está muito quente e nem muito frio e a gente só precisa de um casaquinho." (Miss Rhode Island) – Miss Congeniality movie

hihihi Brincadeiras a parte, eu concordo muito com essa frase.


Aaah o outono...


“Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza.” (Nietzsche)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cadê as mulheres de verdade?

Dia: 8. Mês: Março. Ano: 2012

Hoje, o dia foi repleto de parabéns, mensagens bonitas, pessoas passando com flores nas ruas e alguns homens até resolveram que hoje, apenas hoje, seriam gentis com as mulheres. Acho engraçado esse dia, assim como todas as datas comemorativas existentes em nosso calendário, uma vez que em tais dias as pessoas agem como se tudo estivesse mudado. Durante as 24h de uma data comemorativa, tudo faz sentido, as pessoas “mudam”, sorriem para estranhos, presenteiam quem gostam e todos vivem felizes. O que me questiono a cada data dessas é se todos sabem o real significado disso existir ou ao menos se tem algum significado. Questiono-me porque as pessoas decidem serem gentis e presentear quem gostam apenas nessas datas. Será que se não houvesse feriados, dias comemorativos etc. ninguém se lembraria de ninguém? E que tipo de relação teríamos com as pessoas a nossa volta?

Há algum tempo atrás, em Nova York, mulheres (digo, mulheres de verdade), lutavam pelos seus direitos.  Elas lutavam por um salário digno, já que na época ganhavam apenas um terço do salário do homem, seguindo mesmo trabalho. Elas lutavam por horas mais justas em sua carga horária, apenas queriam 10 horas, ao invés de 16 horas diárias. Elas lutavam por um tratamento digno, lutavam por respeito e por uma vida melhor para elas e para todas as que viriam no futuro. Essas mulheres, mulheres de verdade, que não tem medo, que quando querem correm atrás, que ficaram cansadas de se esconderem atrás de um homem, foram mortas durante essa luta por seus direitos, no dia 8 de Março de 1857. Aproximadamente 130 trabalhadoras foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada, durante a manifestação.

Essas são as mulheres de verdade. Essas são as mulheres que deveriam ser vistas como exemplo para o mundo. Elas contribuíram com algo que nenhuma mulher fruta contribuiu nessa geração. Elas fizeram algo que mudou a vida de todas as mulheres e de todos os homens. Hoje, nós mulheres, gozamos dos direitos obtidos através dessa desgraça, e inclusive os homens saíram ganhando. Eles ganharam mulheres mais fortes e decididas.

Agora, e se todos os dias do ano, as pessoas comemorassem, presenteassem quem gostam, fossem gentis umas com as outras, fossem felizes e pensassem em como melhorar o que queremos? Penso que se lutarmos diariamente pelos nossos direitos, tragédias (?) como essas se tornariam menos necessárias. Me preocupa o fato de que apenas acontecimentos chocantes como esses gerem datas comemorativas e direitos a quem merece.  

Peço para essa nossa geração, que não envergonhe a imagem das tantas mulheres que morreram pelo que acreditavam. Mulheres frutas não farão a nossa vida mais doce, acreditem.




Em homenagem a esse dia eu poderia colocar uma mulher para nos representar (nossa, que original). Porém, eu me orgulho muito desse homem que não esconde o seu respeito pelas mulheres. Mesmo ele sendo quase uma mulher.

Campanha: Lady Dior