quarta-feira, 13 de junho de 2012

Relação a três


Era inverno, porém o clima estava quente como um típico dia de verão. O ar abafado tornava difícil a respiração. A sala estava em silêncio e apenas uma mesa separava aquelas duas almas. O silêncio reinava no ambiente. Ele era o dono da situação. Como interrompê-lo? Pensou ela. Melhor deixar que ele faça o que sempre fez.

O silêncio vinha sendo um grande amigo dos dois. Palavras se tornaram tão inimigas quanto aquela gostosa da academia que ele frequentava. O silêncio era melhor, constatou. Afinal, era quase uma relação a três: ele, ela e o silêncio.

Ele, que sempre fora tão próximo do terceiro integrante, resolveu ignorá-lo. Calou o silêncio e só permitiu a sua participação em uns breves instantes em meio à respiração.

Ele pensava mais do que falava, era evidente, mas a essa altura, já não era preciso palavras. O silêncio, mais uma vez, cumpria o seu papel. Não era preciso nada mais para entender o que ele significava.

Ele, enfim, desistiu de lutar com palavras. Abraçou o silêncio e assentiu com a cabeça.